A depressão é uma condição de saúde mental amplamente reconhecida e levada a sério por profissionais da área. No entanto, nos últimos anos, tem emergido um fenômeno preocupante: a chamada "depressão seletiva". Trata-se de situações em que pessoas alegam sintomas depressivos não por motivos reais de sofrimento emocional, mas para evitar confrontar situações vexatórias, como derrotas políticas ou fracassos públicos. Este artigo explora as características dessa prática e os perigos éticos, sociais e psicológicos que ela representa.

O que é depressão seletiva?Diferente da depressão clínica, que é diagnosticada por critérios médicos bem definidos, a depressão seletiva é caracterizada pelo uso conveniente da condição como um álibi. Normalmente, isso ocorre em momentos de pressão pública, como após uma derrota política ou a perda de apoio popular. Aqueles que recorrem a esse comportamento utilizam a depressão como uma ferramenta para desviar a atenção de seus fracassos e de suas frustações pessoais, buscando a empatia do público e evitando críticas diretas.

Casos comuns em contextos políticosNa esfera política, há registros de líderes e apoiadores que, após derrotas em eleições ou perda de apoio de aliados, alegam crises emocionais ou sintomas de depressão. Em muitos casos, essas declarações aparecem de forma estratégica, durante momentos de escrutínio intenso, desviando a atenção da opinião pública para o lado emocional e humano da pessoa em questão ou até tentando colocar a atenção negativa em outro individuo.

Os perigos desse comportamento

1. Banalisar a saúde mental: Quando a depressão é usada de forma seletiva, ela deslegitima a experiência de milhões de pessoas que sofrem com a condição de maneira real e devastadora. Esse comportamento pode reforçar estigmas e reduzir a empatia para com quem realmente necessita de ajuda.

2. Manipulação social: Ao utilizar a depressão como justificativa, pessoas podem tentar manipular a opinião pública, evitando responsabilidades ou desviar o foco de assuntos mais graves, como corrupção ou incompetência.

3. Prejuízo à confiabilidade: Quando a condição é explorada de maneira oportunista, isso prejudica a credibilidade tanto do indivíduo quanto do debate mais amplo sobre saúde mental.

Como identificar a manipulação?Embora não seja possível diagnosticar a intenção de uma pessoa sem uma avaliação profissional, há sinais que podem indicar o uso da depressão de forma manipulativa:

• Alegar sintomas exclusivamente em momentos de pressão ou após uma derrota pública;

• Ausência de histórico conhecido de problemas de saúde mental;

• Falta de busca por apoio profissional ou tratamento adequado;

• Uso da condição como justificativa para evitar explicações ou responsabilidades.

  
  

Reflexões éticas e sociaisÉ fundamental que a sociedade critique e questione essas práticas, mas sem invalidar a importância de levar a sério condições de saúde mental. Campanhas de conscientização são essenciais para distinguir entre casos autênticos de sofrimento e o uso oportunista da depressão como escudo social.

ConclusãoA depressão seletiva representa um fenômeno preocupante que mistura manipulação social com a banalização de um problema de saúde real. Reconhecer e denunciar esse comportamento é essencial para proteger não apenas a integridade dos debates políticos, mas também a dignidade de milhões que lutam diariamente contra a depressão. Respeitar a saúde mental é um dever coletivo, e isso inclui combater práticas que a instrumentalizam para fins pessoais ou políticos.

O depressor seletivo tende a tentar manipular as pessoas seja com choros falsos ou alegações infundadas tentando sempre ter a razão e sempre tentando sair por cima.

Matéria: Marcopolo Pais